Edição 2025
Rosa, interpretada pela cantora Eliana Rosa, é uma cabo-verdiana de 20 anos que acaba de perder o marido e vai para Lisboa em busca de trabalho para dar uma vida melhor aos filhos, que deixa com a avó. No ambiente difícil do bairro da Reboleira, Rosa debate-se com o assédio de gangsters e a violência policial. Em meio a essas dificuldades, encontra consolo nas mulheres da comunidade e na música, expressando a sua resiliência e esperança através das canções, enquanto enfrenta as duras realidades da migração e da luta pela sobrevivência. Uma homenagem às pessoas que migram em busca de uma vida melhor, uma história transportada pela beleza da música cabo-verdiana. O filme conta com a participação de moradores e ex-moradores do bairro da Reboleira e a banda sonora é da autoria dos músicos cabo-verdianos Luís Firmino e Henrique Silva do coletivo Acácia Maior.
Ambientada na Birmânia colonial de 1917, esta aventura épica acompanha Edward, um oficial colonial britânico que abandona a sua noiva Molly no altar e embarca numa viagem pela Ásia. Ao viajar por paisagens exóticas e encontrar diversas culturas, Edward luta contra os seus medos de compromisso e o peso da responsabilidade colonial. Sem se deixar abater, Molly segue o seu rasto pelo Japão, China, Tailândia e mais além, determinada a casar-se com ele. Uma história arrebatadora sobre amor, autodescoberta e as complexidades das relações humanas num mundo em mudança.
Emilia, uma caseira de 70 anos, cuida há mais de quatro décadas da Casa da Botica, uma antiga casa na aldeia rural de Légua. Ana, sua amiga, ajuda a manter a casa dos proprietários ausentes. À medida que a saúde de Emilia se deteriora, Ana cuida dela, enquanto a filha de Ana, Mónica, questiona as escolhas da mãe. O filme explora três gerações de mulheres que navegam pelos seus papéis num mundo que está a desaparecer rapidamente, onde o ciclo da vida é renovado apenas através de finais inevitáveis.
João é a actriz protagonista de um biopic sobre Liberada, uma pessoa dissidente de género perseguida pela Inquisição no século XVIII. Durante a produção do filme, João questiona a visão do realizador sobre a história, especialmente o foco na violência, enquanto é assombrada pelo espírito de Liberada. O filme mistura realidade, ficção e reflexões sobre a representação de pessoas queer no cinema.
Drama sobre Aurora, uma migrante portuguesa que trabalha como seleccionadora num armazém em Edimburgo, na Escócia. Aurora enfrenta a solidão e a alienação numa economia gig impulsionada por algoritmos, lutando para encontrar vínculos e sentido apesar da monotonia do seu trabalho no armazém e da sua vida solitária. A resistência silenciosa de Aurora contra o isolamento destaca o custo humano dos sistemas laborais modernos e da desconexão na era digital. Co-produzido pela Sixteen Films (Ken Loach).
Um documentário poderoso que dá voz às mulheres portuguesas de diferentes esferas da vida — operárias, investigadoras, pescadoras, jovens rappers, ambientalistas, trans, lésbicas, negras, ciganas — revelando experiências de resistência, dignidade e coragem. Desde aldeias rurais a centros urbanos, estas mulheres falam abertamente sobre as suas experiências com desigualdade de género, violência doméstica e a luta pelo reconhecimento numa sociedade tradicionalmente patriarcal. O documentário retrata também a emancipação e a luta pela felicidade, afirmando uma visão feminista interseccional que valoriza a pluralidade, recusa hierarquias de lutas e dá visibilidade às múltiplas formas de opressão e transformação. O filme serve tanto como registo histórico do que é ser mulher portuguesa neste princípio de século XXI quanto como apelo à ação, destacando a batalha contínua pelos direitos das mulheres em Portugal. (Menção Honrosa no PORTO FEMME INTERNATIONAL FILM FESTIVAL)
1907. Afonso começa uma nova vida numa ilha tropical ao largo da costa africana, como médico de plantação. É encarregado de tratar servos "infetados" pelo Banzo, uma saudade profunda fatal a muitos escravos que sucumbem à fome ou tiram as próprias vidas. Para prevenir a propagação, o grupo é enviado para uma colina isolada cercada por floresta. Afonso tenta curá-los, mas compreender os seus espíritos é um desafio mais forte que qualquer intervenção médica.
Numa ilha vulcânica remota, onde todos querem partir, a pequena Nana aprende, entre marés, a querer ficar. "Mãe, dentro de nós, pedaços partidos são colados com ouro", diz a protagonista Nana, ancorada no futuro, à sua mãe no tempo antes do seu nascimento e antes de partir da ilha, deixando-a aos cuidados da avó. A longa-metragem de estreia de Denise Fernandes impressiona pela serenidade e empatia com que tece um poema visual em forma de filme, tanto através da sua dramaturgia quanto da sequência de imagens que cria. É uma viagem evocativa, com elementos de realismo mágico, explorando noções de identidade e pertença enquanto segue o caminho da protagonista da infância à jovem adolescência na ilha do Fogo, em Cabo Verde. Ela enfrenta o abandono da mãe, apoiada por uma comunidade, com melancolia mas sem cair em qualquer moralismo traumático. O tom é sempre afetuoso, focado em dar novo significado aos pedaços partidos. Vários familiares ou conhecidos deixam aquele lugar, enquanto ela, em contraste com a narrativa dominante, alcança plena emancipação—escolhendo ficar. (Susana Santos Rodrigues) Hanami é um dos raros filmes de ficção de longa-metragem rodados em Cabo Verde e um dos primeiros realizados por uma realizadora cabo-verdiana.
Contemplando o fracasso da sua vida, Rogério bebe até perder o controlo das suas ações e envolve-se numa briga de bar. A sua deriva alcoólica leva-o ao porto da cidade, onde adormece enquanto observa os navios que passam. Quando uma jovem mulher aparece na noite, aparentemente a fugir de algo, Rogério oferece-se para ajudar e entra num pesadelo que nunca imaginou que pudesse tornar-se seu.
Aos 71 anos o conceituado um escritor José Cardoso Pires sofre um acidente vascular cerebral que lhe afeta o lobo da linguagem, perdendo a capacidade de se relacionar com o mundo. Incapaz de comunicar, torna-se num escritor que não reconhece as palavras, não consegue articulá-las ou sequer escrevê-las. O filme Sombras Brancas é uma narrativa de superação da doença, um manifesto do regresso à vida e uma reconciliação com o mundo através da escrita de José Cardoso Pires. Uma adaptação cinematográfica, original e livre, da obra ímpar - DE PROFUNDIS VALSALENTA - e uma homenagem real ao seu autor.
A Flor do Buriti acompanha Patpro ao longo de três épocas da história do seu povo indígena Krahô na floresta amazónica brasileira. Apesar da perseguição implacável, guiados por rituais ancestrais e pelo amor à natureza, os Krahô resistem persistentemente aos esforços para apagar a sua cultura e as suas terras. O filme mistura etnografia e narrativa poética, retratando a tradição cultural, a resistência política, o trauma e a resiliência através das vidas de Patpro, da sua filha Jotàt e do seu irmão xamã Hyjnõ.